Porque me sinto tão dividida?

Porque me sinto dividida

683169130 | ©pathdoc | shutterstock.com

Abortar ou ficar com a criança? Quando a cabeça e o coração estão em desacordo

Ontem sentia-se decidida a ter a criança e capaz de ir em frente. Hoje não consegue parar de chorar, põe em causa a decisão de ontem, e o medo cresce...

Esta descrição é-lhe familiar? Neste artigo explicamos porque tantas mulheres passam por situações como esta e partilhamos o que pode ajudar nestes momentos.

Sugestões:

O que as hormonas podem desencadear em nós....

Para quem nunca fez essa experiência, é difícil imaginar a enorme influência que as hormonas podem ter nos sentimentos e pensamentos de uma mulher. Mas qualquer pessoa que já passou pelo caos hormonal da gravidez pode confirmar: as hormonas influenciam o nosso organismo e a nossa maneira de sentir e pensar.

No início da gravidez, o corpo feminino está totalmente envolvido na preparação desta nova tarefa: oferecer um ambiente no qual o seu filho se possa desenvolver o melhor possível. Para isso, as hormonas reforçam-se para reorganizar várias coisas no corpo. Esta grande mudança física não é alheia à parte psíquica e emocional: existem momentos em que a mulher consegue olhar o futuro cheia de esperança e confiança, projetando-se nele. Mas também há alturas em que surgem dúvidas marcadas por tristeza e preocupação...

Todas estas oscilações podem ser muito desgastantes. No entanto, são sinal de que o seu corpo está a fazer bem o trabalho que lhe compete. Saber isto pode ajudá-la a perceber a razão pela qual, às vezes, o mundo lhe parece tão cinzento e deprimente e tem tanta vontade de chorar. É uma informação importante também para as pessoas que tem por perto. Na verdade, esse estado de espírito não significa que tudo esteja tão perdido como parece.

Também não precisa de ter medo de ir ficando com cada vez mais traços de instabilidade emocional. Pelo contrário, para muitas mulheres, esta parte da gravidez, é como se fossem apenas os espinhos de uma rosa. Não são propriamente agradáveis, mas também não tiram à rosa nenhuma da sua beleza.

Cabeça e coração

Para além dos processos meramente físicos e biológicos, há outra dimensão com um papel muito importante quando uma mulher tem dificuldade em decidir continuar ou interromper a gravidez. Trata-se da luta interior entre a mente e o coração.

1. A nossa cabeça💡

A nossa cabeça, ou mente, é maravilhosa! Permite-nos fazer planos, pesar os perigos, refletir e fazer face a todas as preocupações racionais da vida. A voz da nossa mente é, na verdade, uma companhia constante. E, normalmente, ouvimo-la de modo bastante claro.

Na maioria das vezes, as conclusões a que chegamos baseiam-se em dois pilares:

  • No passado, ou seja, em experiências anteriores.
  • e no presente, ou seja, nas circunstâncias atuais ou na informação que absorvemos.

É com base nisto que a nossa cabeça avalia o presente e o suposto futuro.

O desafio: existem coisas na vida que não podem ser planeadas ou previstas: por exemplo, uma gravidez que veio de surpresa e o modo como a vida se vai desenvolver nestas novas circunstâncias. Diante de uma gravidez não planeada, muitas mulheres criam mentalmente uma infinidade de contra-argumentos para esta reviravolta tão inesperada, que se caracterizam muitas vezes pelo medo do desconhecido.

Às vezes, escrever as preocupações racionais pode ajudar a, cuidadosa e pacientemente, procurar soluções. Porque quando colocamos algumas preocupações por palavras, dando-lhes forma, elas perdem uma parte do seu poder paralisante. Deste modo, os outros lados da questão que estão presentes em si também podem encontrar voz. Assim, a sua mente pode, então, ocupar-se da sua verdadeira tarefa: iluminar os vários aspetos, reconhecer os perigos e procurar soluções.

2. O nosso coração ❤️

Mas existe outra entidade dentro de nós: o nosso coração. É o nosso ser mais íntimo, mais profundo.

O nosso coração pode ser descrito como o companheiro mais fiel que nós, humanos, temos na vida. Mesmo quando envelhecemos e a cabeça começa a perder as suas capacidades, o nosso coração permanece e, com ele, a nossa capacidade de amar e ter esperança. Também podemos dizer que o coração é a nossa bússola interior. Um guia que nos mostra sempre a direção que corresponde às nossas convicções e valores mais profundos.

A nossa consciência também se encontra no coração e compara cada um dos nossos projetos e ações com os princípios que interiorizámos. O que nos realiza a longo prazo é poder seguir o coração…

O desafio: infelizmente, nem sempre ouvimos a voz do nosso coração tão bem quanto a da cabeça. Porque o coração fala-nos quase sempre com uma voz delicada, não-invasiva, que só se torna mais clara com o tempo. Vezes sem conta, esta voz discreta é silenciada pela voz rápida e “barulhenta” da cabeça. Para ouvir o coração, procurar acalmar-se, relaxar, fazer algo que lhe faz bem e encontrar paz interior pode ajudar.

3. Em harmonia um com o outro

Se estiver no meio desta discussão entre a cabeça e o coração, provavelmente vai mudar de lado muitas vezes e passar, repetidamente, dos argumentos da razão para os argumentos do coração e vice-versa.

Por essa razão, é recomendável dar tempo a si própria até que este “ping-pong” tenha acalmado e diminuído. Para uma decisão boa e amadurecida, o ideal é encontrar a maneira de pôr o coração e a cabeça em harmonia.

Isto significa escolher um caminho que esteja de acordo com as nossas convicções e valores fazendo, assim, justiça ao nosso ser como um todo (coração incluído). Mas também precisamos de estar conscientes dos obstáculos deste percurso e atentas às boas soluções que possam surgir (a nível racional).

Podemos afirmar que a cabeça apoia o coração e lhe prepara o caminho, mas que o coração dá à cabeça a força e o impulso necessários para trabalhar nos problemas e nas possibilidades de solução. Se sente que quer, ou precisa, de percorrer um percurso como este e não tem a certeza de como o fazer, pode ser muito bom para si se partilhar as suas dúvidas com uma das nossas counsellors com experiência nestas questões!

Susto e atração: um processo de mudança

Uma gravidez tem o potencial para, literalmente, colocar muitas coisas na vida de pernas para o ar e fazê-las desenvolverem-se de maneiras surpreendentes.

Muitas vezes, quando é necessário alterar, adiar, ou mesmo cancelar um plano, abrem-se novas portas. E, de repente, surge um conflito entre:

  • A vontade de mudar tudo (possivelmente, a tentação da curiosidade em relação ao que ficaria melhor como resultado dessa mudança)
  • E a força do hábito e a sensação de que, agora, tudo está realmente bem:
    nesta situação, o caos emocional é perfeito.

A mudança assusta quase toda a gente. É verdade que, pelo menos em parte, as pessoas são “criaturas de hábitos”. Especialmente no caso de uma mudança repentina, como uma gravidez inesperada, essas “criaturas de hábitos” sentem-se muito desconfortáveis.

Ao mesmo tempo, a perspetiva de mudança também pode despertar curiosidade. «O que seria diferente? Como seria ouvir o meu filho dizer o meu nome pela primeira vez? Com quem ele se pareceria? Seria menino ou menina?» Alguns destes sonhos com o futuro podem aumentar (temporariamente) a necessidade de antecipar e projetar...

4 ideias para me ajudar agora

Hormonas, coração, cabeça, mudanças... talvez agora esteja mais consciente das razões que a levam a sentir que está a lutar tanto consigo própria e se encontra tão dividida. Muitas outras mulheres também já sentiram o mesmo. Como prosseguir agora de modo a aprofundar essa consciência e descobrir qual o melhor caminho para si?

1. Tempo como palavra-chave 🕰

Toda a nossa experiência de acompanhamento na profemina demonstra que o tempo é um fator muito importante para descobrir o próprio caminho. É mesmo muito recomendável dar tempo a si própria para encontrar de novo alguma calma e estabilidade. Isto pode demorar um pouco e exigir que tenha paciência consigo. Aquilo que agora pode parecer hesitação ou perda de tempo é, na realidade, uma atitude bastante sábia de cuidado e prudência em relação a si própria.

2. Permitir-se descansar 🛋

Seria desejável que não se visse “obrigada” a tomar uma decisão tão importante face à incerteza e nesta fase de constantes alterações de humor. A experiência mostra que a calma, a paz interior e um pouco de serenidade são bastante úteis.

3. O que é realmente importante para mim? 💎

Talvez também possa usar este tempo para se aperceber daquilo que, na vida, é realmente importante para si, enquanto mulher: como agiria uma mulher que admira? De qual decisão se poderia orgulhar no futuro?

4. Aquilo que lhe podemos dar

Sinta-se à vontade para contactar a nossa equipa. Poderá partilhar ideias com alguém de fora, que tem experiência, tempo para si e pode permanecer ao seu lado nos altos e baixos e nas mudanças de opinião ou vontade!

Pode contactar-nos das seguintes maneiras:

Outros artigos interessantes:

Este artigo foi útil para si?