Quando o mundo está de pernas para o ar: Gravidez indesejada: e agora?

Gravidez indesejada: e agora?

416369638 | © Syda Productions | shutterstock.com

As suas opções e cinco dicas práticas

  • Gravidez indesejada: quando uma mulher fica grávida inesperadamente, pode, ao descobrir, sentir que lhe tiraram o chão debaixo dos pés. De seguida começa uma montanha- russa de pensamentos e emoções, em que só se pensa numa coisa: o que fazer agora?
  • Adicionalmente, a mudança hormonal no início da gravidez pode realmente perturbar o mundo emocional da mulher ou tornar as ansiedades e preocupações mais intensas. Muitas vezes, isso obscurece a visão de possíveis soluções e caminhos.
  • Algumas mulheres encontram-se em conflito devido a uma gravidez não planeada e ponderam a possibilidade de aborto. Porém, a experiência mostra que a maioria deseja encontrar outra solução e acredita que é possível ter sucesso com a criança.

Temos um teste de para si que pode ser um primeiro auxílio nesta situação. No nosso artigo, encontrará também informações úteis e 6 dicas sobre como lidar com uma gravidez não planeada.

Teste de Primeiros Socorros

Aqui pode responder a 7 perguntas sobre a sua situação individual. Receberá então uma análise de acompanhamento no seu ecrã em poucos segundos!

1/7 A minha reação inicial à gravidez:

De repente, grávida: caos emocional!

Pode ser que, para si, esta gravidez seja uma surpresa total, completamente inesperada. Pode ser que já esteja grávida há algum tempo sem ter percebido, e só agora tenha reparado.
Uma gravidez não desejada pode virar o mundo de muitas mulheres de pernas para o ar e mergulhá-las num verdadeiro “caos emocional”. Ouvimos, com frequência, desabafos de sentimentos e pensamentos contraditórios entre si. Estes podem incluir medo, preocupação, insegurança ou alegria... desde “eu não quero estar grávida” até “na verdade, seria bom...”, tudo pode estar presente. E tudo pode mudar na mesma hora, ou até, minuto!

Este caos emocional pode ocorrer principalmente devido à mudança hormonal. Além disso, a questão sobre como tudo se desenrolará pode surgir, uma vez que as coisas não estão a correr como planeado.

Grávida: Um "estado de emergência" perfeitamente natural

Se é assim que se sente, a ponto de nem sequer se reconhecer a si própria, aqui fica uma pequena consolação: muitas, muitas mulheres sentem o mesmo no início de uma gravidez, desejada ou não. Fisicamente falando, esta situação pode ser descrita como um verdadeiro “estado de emergência”.

A razão para isso é, biologicamente, bastante simples de explicar: no início de uma gravidez, todo o organismo se adapta a esta nova tarefa. As alterações hormonais (estado de emergência físico) que estão subjacentes a todo este processo são, com frequência, exprimidas em estados mais emotivos (estado de emergência emocional).

Isto é inquietante, especialmente numa primeira gravidez mas, ao mesmo tempo, é natural e normal. Este estado de exceção pode durar horas ou dias, ou até todo o primeiro trimestre (até à 12.ª semana de gestação). Pois é nestas semanas que a mudança hormonal é mais intensa. A partir daí, o equilíbrio hormonal tende a estabilizar-se novamente, o corpo acostuma-se ao estado de gravidez, e o caos emocional geralmente diminui.

ℹ️ Caso já tenha estado grávida antes, é possível que não tenha experimentado este estado emocional. Cada gravidez é diferente e é perfeitamente possível que a mudança hormonal seja notada de forma mais intensa nesta gravidez.

Gravidez não planeada: Quando as coisas tomam outro rumo…

Algumas mulheres descrevem o caos emocional interno como um verdadeiro estado de conflito, uma luta entre o coração e a razão. De um dia para o outro, o planeamento de vida até então estabelecido muda. Talvez tenha a impressão de que esta é simplesmente a altura errada para uma gravidez, talvez a sua relação esteja complicada ou não tenha um companheiro estável ao seu lado. Talvez se sinta sobrecarregada ou demasiado jovem para uma gravidez. Ou, quem sabe, o planeamento familiar já estava encerrado?

Existem muitos motivos pelos quais a nova situação a pode surpreender e a notícia precisa de tempo para ser assimilada. Talvez esteja a considerar uma interrupção da gravidez e se encontre perante a decisão mais difícil que alguma vez teve de tomar. No fundo, provavelmente, questões muito responsáveis desempenham um papel: Posso agora oferecer ao meu filho o que ele precisa? Como posso conciliar todas as outras áreas da minha vida? Que apoio necessitaria para que tudo corra bem com o meu filho? ...

Além das suas preocupações e questões, também deve considerar os seus desejos mais profundos! Talvez muita coisa esteja incerta neste momento, mas talvez possam ser encontradas soluções passo a passo. Você merece seguir os seus desejos e encontrar um caminho que lhe traga bem-estar a longo prazo!

Não quero este filho... Quero perdê-lo

Durante esta fase, muitas mulheres têm pensamentos que talvez nunca tenham imaginado vir a ter. Nesses momentos, em que o desespero e a preocupação dominam, por vezes até aparece o pensamento “eu quero perder o bebé...” ou “a natureza podia tomar esta decisão por mim”. Normalmente, têm vergonha deste pensamento e mal se atrevem a expressá-lo, ou não o expressam de todo. Mas é o que corresponde aos seus verdadeiros sentimentos do momento!
Na maior parte das vezes, o desejo que está por trás deste pensamento, é não terem de ser elas a decidir e, assim, conseguirem escapar à atual situação, possivelmente muito complicada. Muitas mulheres, a certa altura, chegam a perguntar-se: “Qual seria a decisão certa? Será que esta decisão não é demais para mim?”

Na verdade, a notícia da gravidez já é suficientemente significativa. Por isso, é mais do que natural precisar de tempo para integrar esta novidade e conseguir organizar a cabeça. Isto significa o seguinte: este não é o momento para se julgar. Pelo contrário, é altura de ser especialmente paciente consigo própria.
É importante ter presente que nós, humanos, não podemos influenciar os pensamentos e sentimentos que nos surgem espontaneamente; eles estão lá, simplesmente. Aquilo que se faz com eles, quais são os que deixamos crescer, e quanto, como se decide, isso sim, está nas mãos de cada pessoa.

Gravidez não desejada: são estas as possibilidades

E assim voltamos à questão inicial: como devo decidir? Como é que as coisas podem e devem continuar?
De forma muito rápida, um ou outro pensamento, uma ou outra solução podem surgir na sua cabeça. Talvez já tenha recebido conselhos bem-intencionados de outras pessoas sobre aquilo que é “melhor para todos os envolvidos”.

Algumas delas podem parecer espontaneamente mais óbvias do que outras, mas pode ser útil ter presente todas as opções…

Grávida, e agora? – 5 dicas para si

Para não se sentir desamparada, reunimos algumas dicas sobre o que fazer agora. No artigo sobre como tomar uma boa decisão, vai encontrar um “kit de primeiros-socorros”, por assim dizer, que a permita aproximar-se passo a passo de uma decisão livre e amadurecida no tempo.

1. 🕰 Dê tempo a si própria!

É sensato não se precipitar em nada por agora. As decisões que, como esta, são tão importantes e relevantes a longo prazo, não devem ser tomadas à pressa. Não é preciso tomar uma decisão já de seguida – pode dar um pequeno passo de cada vez, ao seu próprio ritmo! Não é sem razão que, do ponto de vista legal, lhe é dado um período de tempo até bastante prolongado para tomar esta decisão, de modo a que possa chegar a um acordo consigo própria. Leve este tempo e não se deixe pressionar - você vale a pena!


2. 🛋 Cuide bem de si!

Nesta fase desgastante em particular, deve cuidar especialmente bem de si. Muitas preocupações diminuem ligeiramente se se permitir algum tempo de descanso: horas de sono suficientes, ar livre, conversas com as pessoas de quem gosta...
Desta maneira vai fortalecer-se, evitando assim uma decisão tomada por sobrecarga ou exaustão, mas antes a partir de uma certa calma interior. O que lhe faz bem? O que lhe traz alegria? Em que áreas pode recuperar mais confiança em si e na vida?


3. ❤️Deixe o seu coração ter uma palavra!

Se acabou de descobrir que está grávida, a sua cabeça vai, provavelmente, começar a falar rapidamente, surgindo ao mesmo tempo uma primeira reação instintiva com a descoberta. Isso é bom, dado que ambos – cabeça e instinto – têm o seu papel e podem ajudar a tomar uma boa decisão. O coração, por sua vez, precisa geralmente de um pouco mais de tempo. Quando se conseguir acalmar e estar a sós consigo mesma, poderá ter uma primeira sensação do que o seu coração, o mais profundo de si, lhe quer dizer. E o nosso coração é uma boa bússola: aponta sempre na direção que corresponde às nossas convicções e valores interiores...


4. 💪🏻 Lembre-se das suas forças...

Especialmente em situações desafiantes, esquecemo-nos muitas vezes do que de facto conseguimos na vida. Esta situação pode ser uma das mais desafiantes que já experimentou até agora - e, no entanto, cada um de nós traz consigo forças muito únicas que nos ajudam a transformar uma crise numa oportunidade. Quais são os seus pontos fortes particulares? Como superou uma situação difícil no passado?


5. 👥 Procure apoio!

Muitas mulheres que vivem uma gravidez não desejada sentem a necessidade de exprimir as suas preocupações e problemas. Talvez esteja a fazer a experiência de não conseguir avançar em direção a uma solução, sozinha com a sua “montanha-russa” de pensamentos. Por isso, nesta situação, pode ser útil falar simplesmente com alguém e partilhar as suas preocupações.

Talvez exista uma pessoa nos seus contactos que está lá para si, em quem confie e que saiba que quer o melhor para si. Se for assim, tenha coragem! Uma conversa assim ajuda a alargar a sua perspetiva e a ter novas ideias. Ou então, talvez tenha vivido uma situação em que a reação dos que lhe são mais chegados não a ajudou e a confundiu? Ou talvez se sinta ainda hesitante em confiar numa pessoa implicada nisto? Ou simplesmente outra conversa com outra pessoa poderia ajudar?


Formas de contacto e apoio:


👩‍💻 Se gostar de falar com uma pessoa exterior, em “território neutro”, pode entrar em contacto com as counsellors Profemina por e-mail, telefone ou WhatsApp.

Talvez os nossos recursos digitais também possam ser úteis para si:

Outros artigos interessantes:

Autores & Fontes

Autora

Maria Nagele,
licenciada em Pedagogia Social

Tradução: 
Maria do Rosário Boavida

Revisão

Equipa de psicólogos & Equipa de pedagogas e assistentes sociais

Fontes

Este artigo foi útil para si?