Será possível? Grávida apesar da esterilização

Grávida apesar da esterilização

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É possível engravidar depois da esterilização?

  • A esterilização (tanto feminina como masculina) é considerada como um dos métodos mais seguros de contraceção. Ainda assim, existem casos de gravidezes após uma esterilização.
  • As hipóteses de isto acontecer são muito baixas. Cerca de 5 em 1000 mulheres engravidam num ano, apesar de terem sido esterilizadas.
  • Erros que possam ter sido cometidos durante a operação são uma das explicações possíveis. Em casos raros, pode ocorrer a recanalização: na esterilização masculina existem, por vezes, casos em que os dutos deferentes se regeneram e nas mulheres, casos em que o útero e as trompas de falópio se voltam a unir.

Dicas para si:

Probabilidade e causas

Mesmo que o homem ou a mulher tenham sido esterilizados, é possível, ainda assim, que surja uma gravidez. Apresentamos uma ideia geral da probabilidade e possíveis explicações:

Esterilização masculina

Esterilização feminina

Probabilidade de engravidar

Índice de Pearl: 0.10-0.15*
(1-2 mulheres a cada mil, num ano)

Índice de Pearl: 0.5*
(5 mulheres a cada mil, num ano)

Explicações para a gravidez

  • Erro cirúrgico
  • Restos de esperma no tempo que se segue à operação
  • Recanalização dos dutos deferentes
  • Erro cirúrgico
  • Método inseguro
  • Recanalização das trompas de Falópio

*Valores referidos no Consenso Sobre Contraceção 2020 –Disponível no site da Sociedade Portuguesa da Contraceção.

Grávida apesar da esterilização masculina

Quando um homem é esterilizado, o Índice de Pearl (uma tentativa de medida da eficácia dos métodos contracetivos) varia entre 0.1-0.15. Isto significa que, num ano, engravidam entre uma a duas mulheres em cada mil cujo parceiro sexual realizou uma vasectomia.

Assim, mesmo depois do homem ter sido esterilizado e, em teoria, seja infértil, é possível engravidar.

Possíveis explicações:

  • Uma causa possível é o facto de terem ocorrido complicações ou erros cirúrgicos que passaram despercebidos.
  • Os espermatozoides que já se encontravam na vesícula seminal ou no canal deferente quando a operação foi realizada podem continuar presentes no líquido seminal e serem capazes de fecundar um óvulo algumas semanas ou meses após a vasectomia. Por este motivo, amostras regulares da ejaculação podem ser utilizadas para verificar se a esterilização foi bem sucedida. Se ainda existirem espermatozoides nestas amostras, é possível ocorrer uma gravidez.
  • Embora este seja um fenómeno raro, nos primeiros meses após a vasectomia, pode ocorrer uma regeneração e recanalização dos dutos deferentes. Por este motivo são feitos com frequência um ou dois exames de follow-up. Os casos de recanalização são muito pontuais, mas tornam possível que mesmo alguns anos depois surja uma gravidez após uma esterilização que tinha sido bem-sucedida.

Grávida apesar da esterilização feminina

O Índice de Pearl da esterilização feminina é de 0,5, ligeiramente mais elevado que no caso da vasectomia. Isto significa que 5 mulheres em cada mil acabam por engravidar, apesar de terem feito um corte ou ligamento cirúrgico das trompas de Falópio (laqueação das trompas ou esterilização tubária).

Possíveis explicações:

  • Também neste caso, podem ocorrem complicações operatórias.
  • Para além disso, a escolha do método cirúrgico de esterilização pode fazer a diferença. O corte ou a laqueação das trompas é consideravelmente mais fiável do que quando são presas por um pequeno clipe ou mola.
  • Embora seja raro, existem alguns casos em que o útero e os ovários reestabelecem uma nova ligação – recanalização. Este fenómeno é mais comum em mulheres mais jovens.

Será que estou grávida apesar de ter sido esterilizada?

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Pode estar na dúvida, neste momento: você ou o seu companheiro foram esterilizados e a hipótese de uma gravidez estava completamente fora de questão. Mas ultimamente tem notado em si alguns sintomas de gravidez.

O atraso menstrual não significa, obrigatoriamente, que há uma gravidez. O ciclo feminino, que normalmente continua a funcionar apesar da laqueação das trompas, é muito sensível. Assim, são vários os fatores externos que podem despoletar atrasos (por exemplo: stress, dieta, viagens longas, infeções ou medicação).

Gravidez não planeada depois da esterilização. E agora?

Se fez uma esterilização e, mesmo assim, já confirmou que está grávida, essa notícia pode ter sido para si um verdadeiro choque. Afinal de contas, era suposto que a esterilização fosse algo definitivo, por isso esta gravidez sai completamente dos planos. Talvez esta gravidez tenha passado despercebida ao início.

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Factos sobre a esterilização

Esterilização masculina

  • A esterilização masculina ou vasectomia é feita quando os dois canais deferentes no escroto são cortados ou por vezes reduzidos. Isto impede que os espermatozoides entrem no líquido seminal, na ejaculação. Existem vários métodos para fechar os canais deferentes, por exemplo, ao atar, aquecer, introduzir substâncias químicas ou clipes de titânio.
  • Quando comparada com a esterilização feminina, a esterilização masculina apresenta menos riscos cirúrgicos, sendo mais fácil e mais rápida de efetuar.
  • As hormonas e os espermatozoides continuam a ser produzidos, o que permite manter a função erétil; os espermatozoides acabam por morrer e ser absorvidos pelo corpo de modo que quando ocorre a ejaculação, apenas sai o esperma, que já não contém espermatozoides, mas apenas o fluido da glândula vesicular e da próstata.
  • Riscos: por um lado, a esterilização pode ser fonte de algum stress psicológico para o homem. 1 a 2% dos homens sofrem complicações físicas tais como infeções, hematomas ou inflamações no epidídimo. Pode ainda ocorrer dor crónica (síndrome de dor pós-vasectomia), como consequência a longo termo.

Esterilização feminina

  • Durante a esterilização de uma mulher, também conhecida como laqueação das trompas, as duas trompas de Falópio são atadas, cortadas, bloqueadas ou queimadas cirurgicamente. Como resultado os espermatozoides já não podem fundir-se com um óvulo e, portanto, a fecundação não é possível. O processo é realizado através de uma laparoscopia.
  • Em comparação com a esterilização masculina, alguns riscos cirúrgicos são mais elevados.
  • Após a esterilização, os ovários continuam a produzir hormonas e óvulos, pelo que, regra geral, a ovulação continua a ocorrer. Os óvulos devem ser transportados através das membranas mucosas da trompa de Falópio até à cavidade abdominal, onde se desfazem. Contudo, este procedimento pode originar uma diminuição da irrigação de sangue, o que, em casos raros, pode comprometer a sua função, incluindo a produção hormonal.
  • Riscos: podem ocorrer alterações de humor, perturbações do sono, diminuição da líbido e afrontamentos. Outros riscos físicos ou complicações após a esterilização feminina: hemorragias, infeções e lesões em órgãos internos. Também não é raro surgirem consequências psicológicas como depressão ou ansiedade.

FAQs

  • A probabilidade de ficar grávida após uma esterilização é muito reduzida.
    Em cada mil mulheres que se submeteram a uma esterilização, cerca de cinco acabam por engravidar, durante um ano. Isto acontece apesar de terem feito um corte ou ligamento cirúrgico das trompas de Falópio (Índice de Pearl: 0.5).
    No caso de ter sido o homem a fazer a esterilização (vasectomia), uma a duas mulheres em cada mil engravidam no período de um ano (Índice de Pearl: 0,1 - 0,15).

  • Existem várias razões para isto: podem, por exemplo, surgir complicações durante a operação ou algo pode correr mal sem que se note.
    Nos homens, podem ainda estar presentes espermatozoides férteis na glândula vesicular ou no canal deferente após a operação. No caso das mulheres, o método utilizado para a esterilização pode fazer a diferença.
    Outra explicação pode ser a ocorrência de uma recanalização. Nas mulheres, isto acontece quando o útero e o ovário voltam a unir-se e, nos homens, quando o canal deferente volta a fazer a ligação com a vesícula seminal.

  • Quando um homem é esterilizado (vasectomia), os dois canais deferentes no escroto são cortados, e quando uma mulher é esterilizada (laqueação das trompas), são as duas trompas de Falópio que sofrem um corte. A esterilização nas mulheres está associada a mais riscos cirúrgicos do que a vasectomia nos homens. Por outro lado, existem outros riscos que podem ocorrer em ambos, tais como infeções ou stress psicológico. O Índice de Pearl é ligeiramente mais elevado para as mulheres do que para os homens: após a esterilização feminina, cerca de 5 em cada 1.000 mulheres ficam grávidas num ano, em comparação com uma a duas após a esterilização masculina. Para além dos erros cirúrgicos, no homem também podem voltar a unir-se os dutos deferentes. Existe também a possibilidade das trompas de Falópio da mulher voltarem a ligar-se ao útero. Para além disso, o método de esterilização também pode fazer a diferença. Nos homens, os espermatozoides férteis podem ainda permanecer presentes após o período inicial da operação, razão pela qual a gravidez pode ocorrer apesar da esterilização.

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Autores & Fontes

Autores

Jeanette Onusseit,
Psicóloga e Counsellor

Maria do Rosário Boavida,
Psicóloga e Counsellor

Revisão

Equipa médica

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